Tarifas de Trump ameaçam empresas de todo o mundo, inclusive americanas

Tarifas de Trump ameaçam empresas de todo o mundo, inclusive americanas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (30/01/2025)  (Chip Somodevilla/Getty Images)

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As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que taxam em 25% os produtos do México e Canadá, além de uma taxa adicional de 10% sobre produtos chineses, estão sacudindo a economia global e ameaçando empresas em diversos setores, incluindo as próprias gigantes americanas. A estratégia, parte do mantra de Trump de “fazer a América grande novamente”, visa impulsionar a produção interna e reduzir a dependência dos Estados Unidos de parceiros comerciais. No entanto, o impacto dessas medidas pode ser bem diferente do que ele almeja.

O movimento de Trump tem potencial de desestruturar cadeias de suprimentos profundamente integradas e aumentar os custos para consumidores e empresas. O México e o Canadá já reagiram com tarifas retaliatórias de 25%. A China prometeu retaliar, mas ainda não impôs tarifas. O Ministério do Comércio da China vai abrir um “processo” contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Outros setores, como o de tecnologia, também sofrem com o impacto das tarifas. O México tem atraído uma série de fabricantes internacionais, incluindo a taiwanesa Foxconn, que está construindo uma mega-fábrica no território mexicano. A empresa é fornecedora para gigantes como Apple, Microsoft e Sony. Com as tarifas, essas operações enfrentam maior incerteza e pressão de custos.

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A China tem sido um dos principais alvos da política protecionista de Trump. No entanto, o país asiático se vê agora cercado por uma guerra comercial em regiões onde tem diversificado suas operações nos últimos anos. Empresas como Lenovo e BYD, que já transferiram parte de sua produção para o México a fim de escapar das tarifas sobre produtos chineses, também sentirão os efeitos da nova política.

Os consumidores americanos, por sua vez, serão diretamente impactados. Grupos industriais dos EUA já alertam que os custos mais altos serão inevitavelmente repassados ao consumidor final, pressionando o custo de vida e, consequentemente, a inflação — que tem sido um dos maiores desafios do Banco Central americano, o Fed, em sua tentativa de ancorar a inflação à meta de 2%. Em 2024, a inflação dos EUA encerrou o ano em 2,6%. Na última quarta-feira, o Fed decidiu manter a taxa de juros inalterada e retirou do comunicado qualquer menção ao progresso na desaceleração da inflação, deixando claro que não há pressa em reduzir os juros.

O republicano reconhece que as tarifas podem causar um “sofrimento” econômico para os americanos, mas está disposto a seguir adiante. “Haverá algum sofrimento? Sim, talvez (e talvez não!)”, escreveu Trump em sua plataforma de mídia social Truth. “Mas faremos a América grande novamente, e o preço pago valerá a pena”, acrescentou.

Ironicamente, o esforço de Trump para proteger empregos pode, na verdade, prejudicar setores inteiros da economia americana. À medida que as tarifas se consolidam e as retaliações estrangeiras se intensificam, o impacto na economia global será difícil de ignorar. Empresas ao redor do mundo — inclusive as americanas — terão de revisar suas cadeias de suprimentos e ajustar suas operações para lidar com o aumento dos custos. O “sofrimento” que Trump pode redefinir a dinâmica econômica global e impor desafios que perdurarão muito além de seu mandato.

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