Que depoimento é esse, Mauro Cid? | Ricardo Rangel

Que depoimento é esse, Mauro Cid? | Ricardo Rangel

Bolsonaro e seu ajudante-de-ordens, hoje delator, tenente-coronel Mauro Cid (Alan Santos/PR)

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Foi divulgado o primeiro dos depoimentos de Mauro Cid.

Como tudo o que a PF transcreve, é espetacularmente mal escrito, pouco claro e incongruente consigo mesmo. Mas barafunda é fácil de traduzir: entre os aliados de Bolsonaro, havia os que diziam que o jogo estava acabado (e era hora de chorar na cama), que é lugar quente; e os radicais, que preconizavam golpe para manter Bolsonaro no poder.

Os radicais nutella queriam achar alguma coisa nas urnas que pudessem chamar de fraude para usar como pretexto para anular as eleições. Os radicais raiz (todo radical é raiz, mas, enfim) queriam golpe, mesmo, com tropa na rua, prisão de autoridades etc. Nutellas e raízes eram igualmente golpistas.

Cid livrou a cara dos generais Paulo Sergio, que fez campanha para descredibilizar as urnas e está indiciado; Estevam Theophilo, que seria o comandante das tropas do golpe, também indiciado; e Júlio César de Arruda, que, como comandante do Exército, descumpriu a ordem de desmontar os acampamentos golpistas e recusou-se a revogar a nomeação de Mauro Cid para o BAC, motivo pelo qual foi demitido. Para Cid, são todos legalistas.

Militares golpistas seriam só Almir Garnier e os generais Braga Netto, Mario Fernandes e Eduardo Pazuello.

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(Com um depoimento assim, não admira que a PF tenha obrigado Mauro Cid a dar mais 9 depoimentos.)

Cid também livrou a cara de Flavio Bolsonaro, a única pessoa de sobrenome Bolsonaro a ter algum juízo.

Os golpistas seriam os generais Braga Netto (indiciado), Mario Fernandes (indiciado) e Eduardo Pazuello; os senadores Magno Malta, Jorge Seif e Luiz Carlos Heinze (os dois últimos, negacionistas da vacina, sendo Heinze detentor do título “racista do ano”, conferido pela ONG Survival International), o ex-ministros Gilson Machado e Onyx Lorenzoni, o ex-assessor Filipe Martins (indiciado), Eduardo Bolsonaro.

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E Michelle Bolsonaro.

É curiosa a trajetória de Michelle.

Quando foi descoberta pelo público, foi recebida com grande boa vontade. Compareceu à posse de branco, fez um discurso interpretado em Libras e parecia dotada de uma doçura natural, uma lufada de ar fresco e normalidade em uma família tão grosseira e agressiva.

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Aí surgiram os sinais de fanatismo religioso, com direito a falar em línguas e dar pulinhos. Depois começou a se meter em política, fazendo campanha para André Mendonça no STF. E se lambuzou tentando se esquivar de devolver um kit de joias roubado.

E, agora, golpista.

Que queda foi aquela, camaradas.

(Por Ricardo Rangel em 27/01/2025)

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