Pânico nos EUA: o app que ajuda brasileiros a driblar blitz da imigração | Maquiavel

Pânico nos EUA: o app que ajuda brasileiros a driblar blitz da imigração | Maquiavel

Brasileiros deportados dos EUA chegam ao Aeroporto Internacional de Manaus (Michael Dantas/AFP)

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Em meio à pesada ofensiva do governo dos Estados Unidos para expulsar imigrantes do país, comunidades de brasileiros que vivem no país  se articulam para driblar as operações policiais de detenção e deportação em massa. Uma das alternativas, conforme apurou VEJA, é o uso do aplicativo Padlet para compartilhar os locais onde há blitz da polícia imigratória em andamento.

Por meio da página Chismosas Sightings, disponível no Padlet, internautas têm acesso a um mapa dos EUA com marcadores onde agentes do ICE (polícia de imigração) foram vistos abordando possíveis imigrantes irregulares. Mantido por um perfil anônimo que se denomina People Over Papers (“Pessoas Acima dos Papéis”, em inglês), o diagrama pode ser editado por qualquer usuário e o link começou a circular, recentemente, em grupos de brasileiros nos EUA.

Tela do aplicativo Padlet, com marcadores no mapa dos EUA onde há operações da polícia de imigração (Padlet/Reprodução)

‘Clima é de medo e terror’, diz advogado

O mapa das “blitz de imigração”, mais do que uma mera ação colaborativa, é mais um indício do cenário de pânico generalizado que se instaurou entre imigrantes nas últimas semanas nos EUA, alimentado pela linha-dura adotada pelo presidente Donald Trump contra a migração irregular ao país.

Embora os decretos de deportação de Trump sejam direcionados apenas a imigrantes sem visto regularizado, ou àqueles com antecedentes criminais, esta distinção não é observada na realidade. A cada dia, novos relatos surgem na imprensa americana sobre pessoas nascidas no país, e mesmo detentoras do famoso green card — certidão de cidadania dos EUA –, abordadas de forma truculenta por agentes do ICE.

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“Diante das deportações, o clima entre brasileiros é de medo e terror generalizado, com pessoas temendo sair de casa e não voltar”, diz Felipe Alexandre, advogado especialista em imigração americana e fundador do escritório ALFA, que atende a cidadãos do Brasil nos EUA.

Segundo o advogado, há queixas de pessoas que não têm qualquer registro criminal sendo abordadas por policiais, simplesmente, por serem ouvidas falando português em público. “Há casos em que o ICE, durante operação contra um alvo específico, acaba prendendo qualquer um no caminho que pareça suspeito e justificando como ‘prisão colateral’, o que é ilegal”, afirma Alexandre.

Conhecer os direitos e ter documentos atualizados podem ser cruciais

Conforme as blitz do ICE varrem o território dos EUA, imigrantes se veem obrigados a adotar todas as estratégias disponíveis para, em caso de abordagem, evitar uma prisão e deportação. Uma das recomendações para imigrantes é ter em seu poder, a todo momento, documentos oficiais do governo americano que indiquem sua permissão para estar no país.

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Na ausência de autorização permanente, valem comprovantes de solicitação de visto, sinalizando que a requisição está em andamento. Mesmo para quem já é alvo de um processo de deportação, a prisão imediata pode ser prevenida se a vítima da abordagem tiver uma notificação da Justiça, mostrando que uma audiência já está agendada.

Outra orientação, segundo o advogado Felipe Alexandre, é manter a calma durante uma ação do ICE e ter em mente o direito ao silêncio. “Independente de qualquer irregularidade, se os agentes não têm provas contra o alvo de uma abordagem, a pessoa não pode ser detida naquele momento e não tem obrigação de se incriminar”, explica o advogado.

Governo brasileiro critica Trump, mas evita atritos com os EUA

Desde a posse de Donald Trump, há dez dias, ao menos 88 brasileiros considerados irregulares nos EUA foram deportados. Quando o voo com deportados chegou ao Brasil no último sábado, 25, os passageiros desceram algemados do avião, situação que gerou indignação das autoridades brasileiras.

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O governo brasileiro, apesar de manifestar algumas críticas à Casa Branca, ainda evita se indispor com Trump. Na esteira das deportações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou, na última terça-feira, uma reunião com ministros para discutir o tratamento dado pelo governo dos EUA a brasileiros, mas nenhuma decisão foi tomada.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, condenou o que chamou de “constrangimentos absolutamente inaceitáveis” dos cidadãos deportados, mas afirmou que o Brasil “não quer provocar os Estados Unidos” com críticas muito severas. O Itamaraty chegou a convocar Gabriel Escobar, recém-nomeado chefe da embaixada dos EUA no Brasil, para prestar esclarecimentos — a conversa ocorreu a portas fechadas, e nenhum comunicado oficial foi publicado.

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