O Ministério da Justiça e a Polícia Federal informaram neste sábado, 25, que houve tentativa das autoridades americanas de manter os 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos algemados durante o voo de deportação. O avião, que transportava 158 pessoas, deveria pousar em Belo Horizonte ontem, mas parou em Manaus após apresentar um problema técnico. Ao chegar em solo brasileiro, policiais federais tiraram as algemas e impediram que elas fossem recolocadas em função da “garantia da soberania brasileira em território nacional e dos protocolos de segurança em nosso país”.
A informação de que os brasileiros viajariam algemados foi repassada ao ministro da Justiça e Segurança Pública Ricardo Lewandowski pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues. O ministro, então, conversou com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que determinou que os deportados fossem levados para Belo Horizonte em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
Lewandowski determinou que a PF recepcionasse o grupo e determinasse que os representantes do governo americano fizessem a “imediata retirada das algemas”. De acordo com o ministro, houve “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros“.
A PF disse que os passageiros foram acomodados na área restrita do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, na capital amazonense. “No local, receberam bebida, comida, colchões e foram disponibilizados banheiros com chuveiros.”
Este é o primeiro grupo de brasileiros deportados dos Estados Unidos após a posse do presidente americano Donald Trump. Além de agentes da PF e da FAB, uma equipe formada por profissionais de saúde foi designada para acompanhar os deportados até Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte
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Cerco anti-imigrantes
Embora haja a possibilidade de este voo ter relação com o retorno de Trump à Casa Branca, a deportação de imigrantes está dentro de um forte cerco estabelecido pelo republicano.
Ainda com os Estados Unidos sob o comando de Joe Biden, uma aeronave com 100 brasileiros pousou em Confins no último dia 10.
Mesmo assim, o discurso anti-imigração tem sido alardeado. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, publicou no X, antigo Twitter, uma foto com uma fila de estrangeiros embarcando em um avião com a legenda “os voos de deportação começaram”. Na quinta-feira, 23, ela anunciou que 538 imigrantes ilegais, de diferentes países, foram presos.
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Um dos movimentos mais duros de Trump em relação à entrada de estrangeiros no país foi negar cidadania americana a filhos de imigrantes ilegais nascidos no país, mesmo sendo contra a Constituição. A Justiça Federal já foi acionada e a Suprema Corte americana deve decidir sobre a legalidade do decreto.
O republicano também baixou uma ordem para expulsar 1,4 milhão de imigrantes autorizados a entrar nos Estados Unidos temporariamente durante a gestão de Biden, de acordo com documento obtido pelo jornal The New York Times.
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