Deportação em massa causa temor em brasileiros ilegais nos Estados Unidos

Deportação em massa causa temor em brasileiros ilegais nos Estados Unidos

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Endurecimento das medidas de deportação a imigrantes ilegais, uma das bandeiras de campanha do presidente Donald Trump, têm assustado brasileiros no país (Jim Watson/AFP)

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A política severa de deportação dos Estados Unidos, colocada em prática já nos primeiros dias de mandato do presidente Donald Trump, tem despertado temor e tensão em brasileiros que vivem em situação ilegal no país. O cenário piorou depois do voo que chegou na sexta-feira, 24, à cidade de Manaus, no Amazonas, com imigrantes deportados algemados, e que relataram um tratamento “degradante”. 

No país norte-americano, brasileiros afirmam ouvir relatos de operações para a fiscalização de imigrantes nas cidades onde vivem. Depois de um período em busca de melhores condições de vida, já estabilizados em suas rotinas, esses imigrantes têm buscado permanecer nos Estados Unidos e regularizar suas documentações, em meio a batidas policiais da ICE, a polícia da imigração. 

A brasileira Sofia, por exemplo, relatou à Globonews que “todo mundo está com um pouquinho de receio”, mas acredita que as medidas serão mais duras com os imigrantes ilegais que cometeram algum crime. Ela tem uma filha de oito anos, que possui cidadania no país. 

Já Rafaela, que chegou aos Estados Unidos para estudar, mas perdeu o visto quando terminaram as aulas a que comparecia, conta do casamento que teve de fazer com pouco tempo de namoro, para que conseguisse permanecer no país, antes de sofrer violência doméstica com o então marido. Agora, já separada e de novo irregular, teme que tenha que deixar sua casa. “”Estou meio assustada, meio nervosa. Está todo mundo meio tenso por aqui”, disse, à Globonews. 

Os relatos ganham ainda mais força depois do voo, que chegou ao Brasil na sexta-feira com imigrantes algemados e em condições de precariedade. Passageiros relataram um tratamento degradante, e a aeronave teve que antecipar sua parada para Manaus porque apresentava problemas técnicos. O episódio levou à reação do Ministério da Justiça, que providenciou um avião da Força Aérea Brasileira para que os passageiros finalizassem o trajeto até Belo Horizonte em melhores condições.

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E, neste sábado, 25, ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com agentes da Polícia Federal e da FAB (Força Aérea Brasileira) para apurar tais incidentes. Ainda segundo o Itamaraty, serão pedidas explicações ao governo norte-americano sobre o “tratamento degradante dispensado aos passageiros no voo.

Os brasileiros que estavam no voo relataram agressões e humilhações durante o voo, que decolou do estado americano de Loisiana, além de problemas na aeronave, como problemas com o ar-condicionado. Os 88 brasileiros deportados estavam algemados, procedimento padrão da imigração americana neste nível de ação. Durante o voo de Manaus para Belo Horizonte, no entanto, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou a retirada das correntes e solicitou um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para eles completassem a viagem com dignidade e segurança.

Avião com deportados chega a MG

A FAB (Força Aérea Brasileira) informou que o avião que transportava os brasileiros deportados dos Estados Unidos de Manaus para Minas Gerais pousou no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, às 21h10 deste sábado, 25. Os 88 passageiros integram a primeira leva de brasileiros que precisaram deixar os EUA por causa das medidas do presidente americano Donald Trump, que anunciou o endurecimento de medidas contra a imigração já nos primeiros dias de seu segundo mandato.

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Confira a nota da FAB:

“A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que uma aeronave KC-30, do Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT – Esquadrão Corsário), pousou no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte (MG), às 21h10 (local) deste sábado (25/01), transportando deportados oriundos dos Estados Unidos da América”. 

Brasileiros chegaram algemados

O Ministério da Justiça e a Polícia Federal informaram neste sábado, 25, que houve tentativa das autoridades americanas de manter os 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos algemados durante o voo de deportação. O avião, que transportava 158 pessoas, deveria pousar em Belo Horizonte ontem, mas parou em Manaus após apresentar um problema técnico. Ao chegar em solo brasileiro, policiais federais tiraram as algemas e impediram que elas fossem recolocadas em função da “garantia da soberania brasileira em território nacional e dos protocolos de segurança em nosso país”.

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A informação de que os brasileiros viajariam algemados foi repassada ao ministro da Justiça e Segurança Pública Ricardo Lewandowski pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues. O ministro, então, conversou com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que determinou que os deportados fossem levados para Belo Horizonte em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

Medidas de Trump

O grupo volta ao Brasil em meio ao anúncio de um calhamaço de medidas determinadas pelo novo presidente americano, que endureceram as regras para a entrada e permanência de imigrantes no país. Na noite de quinta-feira 23, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, usou o X, antigo Twitter, para anunciar que 538 imigrantes ilegais, de diferentes origens, já foram presos desde a posse de Trump — incluindo um suspeito de terrorismo, quatro integrantes da gangue venezuelana Tren de Aragua e outros indivíduos condenados por crimes sexuais contra menores.

+ Trump: índice de aprovação empata com o de reprovação no início do governo

Segundo ela, “centenas” de imigrantes ilegais também já foram deportados em aeronaves militares, apenas o início do que ela chamou de “a maior operação de deportação em massa da história”, uma promessa da campanha trumpista. Além disso, o governo Trump deu aos funcionários da ICE, a temida polícia da imigração, o poder de deportar estrangeiros que foram autorizados a entrar nos Estados Unidos temporariamente durante a gestão de seu antecessor, Joe Biden, de acordo com um memorando interno da Casa Branca obtido pelo jornal americano The New York Times nesta sexta-feira.

A medida afeta dois programas do governo anterior. O primeiro é um aplicativo chamado CBP One, usado por imigrantes para agendar audiências com autoridades americanas de fronteira e alfândega de modo a entrar legalmente no país. O segundo se trata de uma iniciativa que deu sinal verde à chegada de certas pessoas que fugiam de perseguição política em Cuba, na Nicarágua, na Venezuela e no Haiti. Juntos, os programas permitiram a entrada de cerca de 1,4 milhão de imigrantes nos Estados Unidos desde o início de 2023.

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