Por que você não… ressignifica o topless com um maiô inteiro de cristais da Stella McCartney, neste Carnaval? – Foto: Divulgação
Petição fashionista: abolir, de imediato, a expressão “outros carnavais” da moda. Isso é um mito! Todo mundo continua no mesmo barato – só mudaram as marchinhas, que evoluíram para o efeito entorpecente do funk. Sim, as saias ficaram mais curtas, as cores mais vibrantes (culpa das câmeras modernas, sem sépia ou preto e branco) e o lança-perfume, vale lembrar, está proibido. No mais, a farra segue viva nas ruas, calçadas e, para os mais tímidos, até nos salões: o patrimônio nacional é questão de cultura, agito, escapismo.
Por que você não… faz dos gibis da infância um biquíni lúdico para viver na fantasia, como nas peças da Bode? – Foto: Divulgação
Por que, então, “carnaval” ainda não é sinônimo de “moda”? O ex-príncipe Charles (porque agora é rei) já caiu no samba entre passistas da Beija-Flor, de smoking e tudo. O playboy Jorginho Guinle trouxe Kim Novak para foliar no Rio de Janeiro, com beijos e tudo. E é só uma questão de tempo até o jovem Alexandre Grimaldi, filho do príncipe Albert II de Mônaco, trocar Cap-Eden-Roc pela Baía de Guanabara para sambar. Ele me prometeu, juro! Ainda assim, não é possível que o Carnaval seja chic apenas quando a high-society está envolvida. Como é mesmo que João Gilberto cantava? “Madame diz que o samba tem pecado, que o samba, coitado, devia acabar”. Não pode, não vai. Aí, já é com Alcione.
Por que você não… deita e rola em cristais maximalistas, como no look da Balmain? Pendurar no lustre já é tão démodé… – Foto: Divulgação
Imagine só: é Paris, 1953, e dois mil convidados estão rumo ao Chatêau de Corbeville para uma noite de festa brasileira. No rol de anfitriões, o “cidadão Kane” tropical, Assis Chateaubriand, o empresário Dr. Silveirinha (dono da prestigiada Fábrica de Tecidos de Bangu), o couturier francês Jacques Fath e a socialite paranaense, ex-amante de Getúlio Vargas, Aimée de Heeren. Frevos pernambucanos e passistas baianas animaram a noite, que contou até com “gaúchos” montados em dez cavalos (Elsa Schiaparelli na garupa de um, Danuza Leão, na de outro). Tocou samba, maxixe, cururu, xaxado e não teve Ginger Rogers ou Zsa Zsa Gabor que resistiu. Setenta anos depois, “só” temos Mina Tschape, a filha do artista brasileiro Vik Muniz, nos salões do exclusivo Le Bal des Débutantes, na capital francesa – e com vestido Simone Rocha para Jean Paul Gaultier.
1 / 6Por que você não… pensa com seus botões e “costura” um como brinco como na Carolina Herrera? – Foto: Divulgação
2 / 6Por que você não… combate o frizz do verão com cinco presilhas enormes no cabelo como na La DoubleJ? – Foto: Divulgação
3 / 6Por que você não… faz caras e bocas em busca de amor neste Carnaval como na Moschino? Melhor ainda se for o próprio! – Foto: Divulgação
4 / 6Por que você não… troca os acessórios por cachos de bananas como na Batsheva? É a potência do potássio! – Foto: Divulgação
5 / 6Por que você não… faz suas próprias modinhas com as “modonas” lá de fora? A folia nunca foi tão cosmopolita! Look Valentino – Foto: Divulgação
6 / 6Por que você não… acha um colar tão inusitado quanto cílios rosas e amarelos para chamar a atenção como na Dries Van Noten? – Foto: Getty Images
Por aqui, na Terra Brasilis, tem muito para ver e vestir: Paeteh, Carlos Penna, Gustavo Silvestre, Podre de Chic, Merisse, Eduardo Caires, Stephanie Sartori, Walério Araújo… tudo cai muito bem na temporada festiva. Como também caem, otimamente, as borboletas coloridas da Valentino de Alessandro Michele, as saias pesadas de cristal da Balmain, os biquínis estampados da Bode, os cílios amarelos de Dries Van Noten, os maiôs brilhantes de Stella McCartney… Por que você não expande as fronteiras deste Carnaval? A folia não tem fobia de cosmopolitismo – e nunca quis tanto estar na rua!