Como a nova tarifa dos EUA pode impactar o setor siderúrgico brasileiro

Como a nova tarifa dos EUA pode impactar o setor siderúrgico brasileiro

Aciaria da Companhia Siderúrgica Nacional, onde é feita a transformação de ferro líquido em aço líquido (Antonio Gauderio/VEJA)

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Cumprindo o prometido, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou hoje o decreto que determina a imposição de uma tarifa de 25% sobre o aço importado. A medida deve impactar diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor da commodity para os EUA. Em 2024, o mercado brasileiro respondeu por 14,9% das importações americanas de aço, totalizando 4,68 bilhões de dólares (cerca de 27 bilhões de reais) – atrás apenas do Canadá, com 24,2%.

A indústria siderúrgica brasileira, por sua vez, é altamente dependente da demanda dos EUA, seu maior parceiro externo. No ano passado, 47,9% das exportações de aço e ferro tiveram o país como destino, percentual muito superior ao da China, segunda colocada, com 10,7%.

Apesar do risco para o setor, as ações das principais siderúrgicas registraram alta no pregão desta segunda-feira, 10, antes de novas notícias sobre o tema chegarem às mesas dos operadores de mercado. Os papéis da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) fecharam em alta de 1,45%, enquanto os da Usiminas avançaram 3,36%.

Por enquanto, o mercado avalia que as siderúrgicas brasileiras têm baixa exposição ao mercado americano e devem sofrer um impacto limitado com a nova tarifa. “As empresas abertas têm foco no mercado doméstico e na América do Sul”, diz Igor Guedes, analista de mineração da Genial Investimentos. “No médio e longo prazo, os desdobramentos podem afetar a indústria de forma mais significativa, mas, no momento, a exposição é relativamente controlada.”

A Usiminas, por exemplo, destina grande parte de suas vendas externas à Argentina. No terceiro trimestre de 2024, 75% das exportações da companhia tiveram o país vizinho como destino, enquanto 22% seguiram para a América do Norte. Já na CSN, 26% da receita com siderurgia veio do mercado externo, enquanto 74% das vendas permaneceram no Brasil. 

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Quem sai ganhando

Entre as maiores altas do Ibovespa, as ações da Gerdau subiram 3,34% no pregão desta segunda-feira. Maior produtora de aço do país, a companhia é vista como a principal beneficiada brasileira com a nova tarifa sobre a commodity.

A vantagem da Gerdau está na sua forte presença na América do Norte, onde opera 11 unidades de produção nos Estados Unidos e no Canadá, sem depender de exportações para abastecer esses mercados. Atualmente, cerca de 38% de sua receita vem da região. “A empresa se beneficia do aumento tarifário, que protege o mercado interno contra importações predatórias”, afirma Guedes, da Genial Investimentos.

Ainda é cedo, porém, para cravar vitória para a siderúrgica. Em relatório divulgado nesta manhã, analistas do BTG Pactual alertaram que ainda não há definição sobre a duração das tarifas, enquanto os fundamentos do aço nos EUA seguem pressionados no curto prazo – com a indústria operando a cerca de 73% da capacidade. “Além disso, destacamos que os fundamentos da siderurgia brasileira se deterioraram recentemente, o que deve afetar os lucros no curto prazo”, escreveram os analistas.

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