Cloverfield Monstro | Relembrando um dos MELHORES found footage dos anos 2000

Cloverfield Monstro | Relembrando um dos MELHORES found footage dos anos 2000

Anos antes de comandar a aplaudida adaptação neo-noir de ‘Batman’ e entrar como produtor executivo da série derivada ‘Pinguim’, Matt Reeves aproveitou a crescente popularização dos filmes found footage para dar vida a uma das melhores incursões do gênero dos anos 2000: ‘Cloverfield – Monstro’.

Lançado em 2008, o longa-metragem teve uma recepção bastante positiva por parte da crítica, recebendo elogios pela condução da narrativa e pela envolvente estética promovida por Reeves, ainda que tenha dividido o público. Na obra, acompanhamos um grupo de amigos que, após uma festa de despedida, se vê lutando pela sobrevivência após um monstro gigante atacar a cidade de Nova York. Gravando a experiência dessa caótica noite sem fim em uma câmera de vídeo, os protagonistas descobrem segredos envolvendo até mesmo o governo dos Estados Unidos – e, quando decide-se lançar uma bomba atômica sobre a cidade, eles precisam correr para escapar da morte certa.

Unindo-se ao roteirista Drew Goddard, Reeves tem uma visão bastante clara em sua mente – e aposta em uma amálgama interessante de gêneros para que o projeto se concretize da maneira que desejava. Dessa forma, percebemos a influência do terror e da ficção científica, atrelados a uma homenagem clara a outras incursões do found footage que tiveram exponencial reconhecimento a partir da década de 1999. Ora, o cineasta sabe muito bem com o material que está trabalhando e puxa elementos de obras como ‘A Bruxa de Blair’ para construir um labiríntico jogo de gato e rato que, ao contrário do título de 1999, aposta em exibições momentâneas e borradas da gigantesca criatura que destrói tudo o que se conhece.

E isso não é tudo: Reeves abraça convencionalismos de uma maneira a não deixar isso tão óbvio – deixando, sim, que as fórmulas se desenrolem, mas mascarando-as com uma técnica bastante instigante e que, à época, ainda não havia se corroído com o peso da saturação. Assim, mesmo as sequências de mais movimento são coreografadas de forma a reiterar o “realismo” pretendido pela imagética do longa conforme cultiva jumpscares interessantes e que auxiliam no dinamismo e na atmosfera pretendidas. Ora, até mesmo o trabalho de fotografia assinado por Michael Bonvillain segue passos similares, deixando que a estética “pixelada” do final dos anos 2000 varie entre sequências de qualidade nítida e sequências de menor resolução para propositalmente confundir os espectadores e pegá-los de surpresa.

Ao longo de seus breves 85 minutos, o filme não deixa de ter seus equívocos – mas nada que seja tão derradeiro a ponto de estragar nossa experiência audiovisual. De certa forma, o projeto serve como um espelho dos traumas deixados pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, mas relido através de uma acidez ficcional que é próprio do estilo de Reeves através de sua carreira, e chegou até mesmo a ser criticado por se apoiar em um “humor sádico” para construir a narrativa de terror. Todavia, devo remar de encontro a esses comentários: o monstro, caso colocado em um âmbito simbólico, insurge como uma estrutura arquetípica das consequências da impetuosidade do ser humano, em uma construção dêitica que o coloca perante as forças imparáveis da natureza: em outras palavras, essa criatura pode ser a representação da pequenez do homem perante o mundo e o universo que o cercam – e de que forma esse complexo de superioridade é ínfimo e vão quando, eventualmente, todos vamos morrer.

É nesse aspecto que Reeves frisa a mensagem do filme. Os personagens lutam em constância exaurível para escapar do inferno em que estão enclausurados – e, no final das contas, tanto trabalho se valeu de nada. O monstro, aparentemente abatido pelas forças militares, levanta-se na cena final e ataca o helicóptero onde os poucos sobreviventes se encontram, atingindo-o como se fosse o galho seco de uma árvore. Assim, a conclusão anticlimática de Reeves e Goddard é frustrante pelos motivos certos e por caminhar a par com o que a narrativa vinha nos prometendo desde o princípio – a “festa de despedida”, destarte, funciona como uma assustadora “premonição” de um fim absoluto e inescapável.

Assista também: 

Se essas investidas funcionam na maior parte, o fabuloso elenco se entrega a ótimas performances que deixam que cada ator e atriz se divirta do começo ao fim. Enquanto Michael Stahl-David e Odette Yustman fornecem o familiar escopo romântico que sustenta a subtrama em um prático jogo de “cavaleiro branco e donzela em perigo” e, apesar de ambos terem momento de brilhar, são os coadjuvantes que explodem em interpretações incríveis – com destaque aos trabalhos de Lizzy Caplan como Marlena, que rouba os holofotes em uma das cenas mais aterrorizantes do filme, e T.J. Miller como Hud Platt, o cameraman que captura os eventos apocalípticos do enredo.

‘Cloverfield – Monstro’ pode ter dividido os fãs de terror à época de seu lançamento – porém, quando o revisitamos, percebemos que julgamentos mais ferrenhos podem ter sido premeditados: afinal, o resultado dessa interessante obra é bem positivo e cumpre com o prometido sem precisar de valer de firulas exageradas ou de ambições em demasia.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html

Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Anos antes de comandar a aplaudida adaptação neo-noir de ‘Batman’ e entrar como produtor executivo da série derivada ‘Pinguim’, Matt Reeves aproveitou a crescente popularização dos filmes found footage para dar vida a uma das melhores incursões do gênero dos anos 2000: ‘Cloverfield – Monstro’.

Lançado em 2008, o longa-metragem teve uma recepção bastante positiva por parte da crítica, recebendo elogios pela condução da narrativa e pela envolvente estética promovida por Reeves, ainda que tenha dividido o público. Na obra, acompanhamos um grupo de amigos que, após uma festa de despedida, se vê lutando pela sobrevivência após um monstro gigante atacar a cidade de Nova York. Gravando a experiência dessa caótica noite sem fim em uma câmera de vídeo, os protagonistas descobrem segredos envolvendo até mesmo o governo dos Estados Unidos – e, quando decide-se lançar uma bomba atômica sobre a cidade, eles precisam correr para escapar da morte certa.

Unindo-se ao roteirista Drew Goddard, Reeves tem uma visão bastante clara em sua mente – e aposta em uma amálgama interessante de gêneros para que o projeto se concretize da maneira que desejava. Dessa forma, percebemos a influência do terror e da ficção científica, atrelados a uma homenagem clara a outras incursões do found footage que tiveram exponencial reconhecimento a partir da década de 1999. Ora, o cineasta sabe muito bem com o material que está trabalhando e puxa elementos de obras como ‘A Bruxa de Blair’ para construir um labiríntico jogo de gato e rato que, ao contrário do título de 1999, aposta em exibições momentâneas e borradas da gigantesca criatura que destrói tudo o que se conhece.

E isso não é tudo: Reeves abraça convencionalismos de uma maneira a não deixar isso tão óbvio – deixando, sim, que as fórmulas se desenrolem, mas mascarando-as com uma técnica bastante instigante e que, à época, ainda não havia se corroído com o peso da saturação. Assim, mesmo as sequências de mais movimento são coreografadas de forma a reiterar o “realismo” pretendido pela imagética do longa conforme cultiva jumpscares interessantes e que auxiliam no dinamismo e na atmosfera pretendidas. Ora, até mesmo o trabalho de fotografia assinado por Michael Bonvillain segue passos similares, deixando que a estética “pixelada” do final dos anos 2000 varie entre sequências de qualidade nítida e sequências de menor resolução para propositalmente confundir os espectadores e pegá-los de surpresa.

Ao longo de seus breves 85 minutos, o filme não deixa de ter seus equívocos – mas nada que seja tão derradeiro a ponto de estragar nossa experiência audiovisual. De certa forma, o projeto serve como um espelho dos traumas deixados pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, mas relido através de uma acidez ficcional que é próprio do estilo de Reeves através de sua carreira, e chegou até mesmo a ser criticado por se apoiar em um “humor sádico” para construir a narrativa de terror. Todavia, devo remar de encontro a esses comentários: o monstro, caso colocado em um âmbito simbólico, insurge como uma estrutura arquetípica das consequências da impetuosidade do ser humano, em uma construção dêitica que o coloca perante as forças imparáveis da natureza: em outras palavras, essa criatura pode ser a representação da pequenez do homem perante o mundo e o universo que o cercam – e de que forma esse complexo de superioridade é ínfimo e vão quando, eventualmente, todos vamos morrer.

É nesse aspecto que Reeves frisa a mensagem do filme. Os personagens lutam em constância exaurível para escapar do inferno em que estão enclausurados – e, no final das contas, tanto trabalho se valeu de nada. O monstro, aparentemente abatido pelas forças militares, levanta-se na cena final e ataca o helicóptero onde os poucos sobreviventes se encontram, atingindo-o como se fosse o galho seco de uma árvore. Assim, a conclusão anticlimática de Reeves e Goddard é frustrante pelos motivos certos e por caminhar a par com o que a narrativa vinha nos prometendo desde o princípio – a “festa de despedida”, destarte, funciona como uma assustadora “premonição” de um fim absoluto e inescapável.

Se essas investidas funcionam na maior parte, o fabuloso elenco se entrega a ótimas performances que deixam que cada ator e atriz se divirta do começo ao fim. Enquanto Michael Stahl-David e Odette Yustman fornecem o familiar escopo romântico que sustenta a subtrama em um prático jogo de “cavaleiro branco e donzela em perigo” e, apesar de ambos terem momento de brilhar, são os coadjuvantes que explodem em interpretações incríveis – com destaque aos trabalhos de Lizzy Caplan como Marlena, que rouba os holofotes em uma das cenas mais aterrorizantes do filme, e T.J. Miller como Hud Platt, o cameraman que captura os eventos apocalípticos do enredo.

‘Cloverfield – Monstro’ pode ter dividido os fãs de terror à época de seu lançamento – porém, quando o revisitamos, percebemos que julgamentos mais ferrenhos podem ter sido premeditados: afinal, o resultado dessa interessante obra é bem positivo e cumpre com o prometido sem precisar de valer de firulas exageradas ou de ambições em demasia.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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