Casa Fashion A divina comédia da Dior para o inverno 2025

A divina comédia da Dior para o inverno 2025

por Guilherme de Beauharnais
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Inverno 2025 Dior – Foto: Getty images

É dito que os olhos são os espelhos da alma. Mas a alma de quem, exatamente? Desde que Kim Jones estreou na Dior, ele tem a de muitos fashionistas – e a entrega é total. A cada temporada, sua visão fica mais dramática, poética… a mais pura Divina Comédia. No papel de um Virgílio contemporâneo transformado em designer, lidera seus modelos (Dantes estilizados) na jornada entre paraíso, purgatório e inferno. Nas escadas brancas e iluminadas da passarela, essa foi a cena. E, com alguns olhos vendados (como os ilustrados por René Gruau para Dior, em 1949), também desfilou uma espécie de ensaio sobre a cegueira, com um escuro romantizado que permite fantasiar sobre tudo que ainda falta no mundo e na moda.

Entre os brancos e pretos profundos da coleção, a devoção está nas texturas e volumes que escondem e disfarçam, no minimalismo das sedas e cetins, todo tipo de história. Em essência, é japonista, com laços puros de quimonos que dividem espaço com mantos de ópera e alguns outros casacos transformados em saia; mas também é moderno no assunto “menswear”. Depois dos macaronis exuberantes do século XVIII, as revoluções da era industrial apresentaram (para não dizer que exigiram) uma mudança estética no homem. Nessa metamorfose, para o filósofo J.C. Flügel, o que sobrou foi a “grande renúncia masculina”.

Nem Christian Dior, que só nasceu em 1905, nem Kim Jones estavam lá para liderar a reviravolta, mas, agora,, a “linha H” – das temporadas de 1954 e 1955 da maison – reviveu a atmosfera de abandono. Não é triste, melancólico ou nostálgico. Ao contrário, sequer é exato. Há uma sensibilidade feminina em tudo, inspirada na figura do playboy mais rococó de todos, o italiano Casanova, tão ardente nas paixões que acabou batizado de “o homem das mulheres” e virou sinônimo de galanteio.

Seu charme estava tão nos sorrisos e olhares discretos como, aqui, está em tênis bordados à mão, inspirados em desenhos de 1961. Mais ainda, no casaco cor-de-rosa que fechou o desfile, com um bordado manual resgatado do casaco Pondichéry, de 1948. Com um pouco de paciência – e talento de Kim Jones – a brincadeira fica explícita: é a exuberância na maior das sobriedades.

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