Inverno 2025 Prada
Por Cassio Prates e Eve Barboza
O romantismo da “escolha espontânea” foi a inspiração declarada na @prada. Instintos ininterruptos é o nome da coleção, que se foca em reações não aprendidas e impulsos primitivos como uma força libertadora, abraçando o risco e a imprevisibilidade como elementos-chave do design.
Em um mundo onde a internet se tornou a principal arena de comunicação, com estruturas próprias codificadas que potencializam um vazio de conteúdo altamente performático, e deixa o mundo cada vez mais polarizado e previsível, onde cada usuário recebe dos algoritmos uma internet personalizada e, consequentemente, vive também em seu “mundinho” personalizado, Miuccia Prada e Raf Simons sugerem um mundo avesso.
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O instinto, aqui, torna-se tanto assunto quanto método: a trilha, que mistura Magpie Symphony, de Rossini, com On the Lake, de Shigeru Umebayashi, torna a imprevisibilidade do instinto evidente. Nas roupas, que são um convite para nos libertarmos de regras, a genialidade da dupla se expande ainda mais. Peças reeditadas de outras coleções, como bolsas e botas cowboy, ou até mesmo as malhas que lembram a marca de Raf Simons pré-Prada, se complementam com amuletos de metal pendurados em camisas sem significado específico e peles que simbolizam um tipo de proteção sem muita lógica.
No styling, as combinações são inesperadas e, ao mesmo tempo, extremamente comerciais, contrariando mais uma vez o algoritmo padrão: peles artificiais jogadas casualmente sobre casacos, calças de cetim combinadas com roupões, e casacos de pele de carneiro de pelo longo usados do avesso.
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O dedo no tempo presente também invade o cenário projetado pelo AMO, com carpete de Catherine Martin, estruturas de metal e andaimes de três andares, que deixam aparente níveis e mundos, realidades específicas que podemos acessar, mas, como uma atmosfera de boate, se tornam representativos de lugares para o mais direto dos instintos humanos: nossa necessidade de nos reunirmos. Bravíssimo!